História Cabeluda!

Vamos falar um pouco sobre a história do penteado?Vamos ver como isso marcou estilos e épocas?

" Não foram os Beatles, hippies ou punks os primeiros a comprovarem: o penteado espelha atitudes pessoais, artísticas e mundanas.
Um exemplo para a moda de penteados como espelho da mudança social é o tempo da Revolução Francesa, cujo bicentenário ainda está bem vivo na memória.O término do ancien regime foi o final dos enormes privilégios da nobreza e clero e, simultaneamente, o fim de uma moda que exigia criação artística e refinamento oneroso.A rainha Maria Antoinette mandava fazer na sua cabeça sempre novas criações com cachos, ondas, fitas, penas e adornos com aporte de almofas de crina.
Na Inglaterra liberal, os cidadãos mais relevantes tinham um relacionamento natural com o corpo e cabelo.Os ingleses se apresentavam com penteados arejados, ligeiramente presos, bem naturais.As " bobagens " da moda francesa eram encaradas como ironia.
Na Alemanha, os jovens poetas contestavam a ordem social através de penteados e roupas diferenciadas do tradicional.A peruca, antigamente símbolo de soberanos poderosos, absolutistas, era relegada.Para os jovens, o cabelo próprio, usado em forma de trança, era in.Entretanto, mesmo tranças foram logo cortadas.Fredrich Schiller, o grande poeta usava cabelo comprido e solto como forma de expressão de liberdade.Em 1900, onze anos após a Revolução Francesa, o cabelo natural se impôs em toda Europa.As mulheres se penteavam de acordo com os modelos gregos ou " cortes de César " ou ainda " Cabeça Titus ", assim chamados pelos imperadores romanos.A antiguidade foi um exemplo para um moderno modelo modificado de beleza.
A arrumação dos cabelos significava mais para as velhas culturas do que a vestimenta.Com seus penteados, perucas e barba real postiça, os egípcios já há mais de 3 mil anos mostravam seu status social.Nesta pesada hierarquia dos faraós, os penteados não se modificavam por milênios.

A GRÉCIA ANTIGA FOI MADRINHA

Na antiga Grécia, a moda dos cabelos se mantinha por 2 a 3 séculos.A mudança era mais rápida na Roma Antiga, onde as esposas dos soberanos eram os exemplos seguidos.
Ainda no século XVII, um tipo de penteado sobrevivia a uma geração.Se antes existiam particularidades regionais, a partir de Luis XVI, o gosto francês imperava.Jornais de moda nos séculos XVIII e XIX divulgavam os estilos por toda a Europa.Seguia-se o exemplo das casas reinantes de Paris e Viena e também das elites.
Com a invenção do cinema, após a virada do século, criaram-se novos ídolos: artistas, cantores e músicos foram tornando-se ídolos da juventude.
Hoje, através do cinema e da TV, vivemos uma moda que muda rapidamente.Nunca os penteados tiveram uma vida tão curta como nosso século.

EM TODOS OS TEMPOS O CABELO ERA CHEIO DE MAGIAS

Em cultos e crenças populares o cabelo sempre teve destaque.Nele estava contida a essência da vida ( assim Sansão perde sua força após Dalila ter cortado seus cabelos )." Cabelo só pode ser cortado em lua crescente, senão não cresce mais ", pensavam muitos ainda no século passado.Dádivas de cabelo eram bem aceitas pelos deuses.Se o inimigo era pego pela cabeleira, era sinal da sua derrota.Os reis fracos mandavam cortar os cabelos dos rivais para eliminá-los da sucessão porque cabelo comprido era sinal de estirpe real.
Acreditava-se que cabelos cortados eram milagrosos na cura de febres e outras doenças.Mas também traziam males.Se enterrados no brejo, transformariam-se em cobras.Os caçadores de bruxas estavam convictos de que cabelos eram ninhos especiais de bruxarias.Raspava-se todo o pelo do corpo de pessoas acusadas de bruxaria, para exorcizar os diabos neles presumivelmente contidos.


PELA COR DO CABELO SE JULGAVA CONHECER O CARÁTER DA PESSOA.

Cabelos pretos eram de pessoas melancólicas, louros de alegres e vermelhos indicavam personalidade brava ou raivosa.Ainda hoje há pessoas que sofrem desse preconceito.
No século XVIII se guardavam mechas de cabelo como recordação, em anéis ou medalhões.Broches ou outros adornos, feitos de cabelos trançado, eram muito procurados na época neo - clássica ( 1814 - 1848 ).Trabalhados por artesãos, serviam de recordação de entes queridos falecidos.
O corte dos cabelos significava para muitas pessoas uma intromissão em sua psique.Assim, já nas antigas culturas, quem pegasse na barba ou no cabelo era severamente punido, pois significava atentado à honra.Punia-se os marginais com o corte dos cabelos.
O corte era sinônimo de vergonha principalmente para mulheres, para as quais cabelo comprido significava tradição milenar.Os germanos, castigavam as adúlteras desta maneira.

CABELO CURTO: UMA VERGONHA PARA A MULHER

Quando nos anos 20 pela primeira vez a moda exigia cabelos " a la garçonne ", os partidários do cabelo comprido polemisaram que cabelo curto era vergonha para a mulher.
Entretanto, as mulheres cada vez mais envolvidas na sociedade e no trabalho não mais admitiam seguir tradições que remontavam a Idade Média.Ainda no século XVIII, as mulheres casadas usavam uma touca para esconder os cabelos somente o marido poderia vê-la de cabelo solto, sinal de pecado.
Maria Madalena, a pecadora, foi sempre representada com cabelos longos e soltos, ao contrário das santas, que usavam toucas ou cabelos presos.

RETROSPECTIVA DOS CUIDADOS COM O CABELO

O tratamento dispensado ao cabelo ainda no século XVIII era bem diferente dos nossos hábitos.Somente através do conhecimento da microbiologia, o perigo de micróbios que desencadeavam doenças na pele e do avanço tecnológico ( que pôs à nossa disposição água quente corrente graça aos secadores funcionais ), passou-se a lavar os cabelos com mais frequência.
No século XVII e XVIII se acreditava que o pente fino se eliminava toda sujeira do cabelo.Aliás, a água era encarada com certa desconfiança, pois ela poderia entrar nos poros, afetar os órgãos e transmitir doenças.Usava-se aguardente para limpar a cabeça calva debaixo da peruca.Somente no final do século XVIII os médicos recomendaram lavar os cabelos com água.
Antes da invenção da permanente, tanto homens como mulheres utilizavam primitivos instrumentos para frizar.Já na antiga Roma se fazia uso do calamestrum um bastão quente.Apenas em 1872, Marcel Grateau conseguiu fabricar um ferro de frizar que deixava os cabelos com ondas naturais.
Antes do surgimento do peróxido de hidrogênio, as mulheres expunham o cabelo molhado por horas a fio à ação dos raios solares para conseguir a tonalidade, tão cobiçada, de dourado.
As romanas do Império usavam perucas feitas de cabelos de escravas germanas.Romanos abastados apreciavam o efeito de pó de ouro nos cabelos.


EMBELEZADORES DO CABELO E CABELEIREIROS

Já na Pré - História, o homem das cavernas se esforçava para tratar e arrumar os cabelos.Achados arqueológicos de pentes e navalhas de pedra comprovam isto.
O primeiro apogeu da arte de penteados ocorreu no velho Egito, há cerca de 5 mil anos.Perucas sofisticadas mostram a habilidade dos peluqueiros que na corte dos faraós gozavam de grande prestígio.
Kosmetes " embelezadores de cabelo ", assim os gregos chamavam os seus escravos que cuidavam do tratamento de beleza.Escravos gregos faziam a barba dos romanos e penteavam as romanas abastadas.Nas barbearias romanas, discutia-se novidades e propagavam-se as fofocas.
No Ocidente, nas cidades florescentes da Idade Média, surgiam as salas de banho.Aqui encontramos a figura do " bader ", que além de banho quente, sauna e massagem, barbeava, cortava as unhas dos pés e das mãos e também respondia pela saúde.Sangria era um lucrativo setor deste ofício, pelo qual nos séculos XVI e XVII houve briga acirrada entre o " bader " e os barbeiros.Ambas as profissões eram tidas como desonrosas.Acusava-se os Bader de práticas " despudoradas ".Os barbeiros faziam também a barba de condenados e pessoas doentes que lutavam pela reputação.Apenas no século passado o ofício de médico e de cirurgião foi separado da profissão de barbeiro.Entretanto, alguns continuavam a atuar como dentistas.
Os primeiros cabeleireiros para senhoras foram os coiffures parisienses Leonard Autier e Legros de Rumigny, que estavam a serviço de Madame Pompadour e da rainha Maria Antonietta, recebendo régios salários.
Legros fundou a primeira Academia para Cabeleireiros.Em 1769 Paris contava com 1200 cabeleireiros para senhoras.Eles se consideravam artistas." Temos que ser poetas, pintores e escultores ao mesmo tempo.Para adaptar o penteado ao temperamento de seu dono é necessário uma grande inteligência e extraordinária diplomacia ", escreveram num panfleto contra os barbeiros, aos quais se sentiam superiores.
A sua auto - avaliação está bem perto do sentimento dos atuais designers e estilistas capilares.
Desde que os cabeleireiros do século XVIII se projetaram com seu trabalho de simples tratadores de cabelos para construtores de penteados refinados e modernos, o penteado virou um objeto artístico.Esta evolução hoje é reforçada através da moda.

( Centro Técnico Schwarzkopf )

FONTE DE MATÉRIA:

Revista Exalla

Comentários

Jeferson Cardoso disse…
Olá Cristina!
O cabelo e o rosto é o cartão de visita das pessoas! (sorrio)
Colha bons dias, tenha uma ótima sexta-feira e um excelente fim de semana!

Convido para que veja e comente o meu Armelau no http://jefhcardoso.blogspot.com/

“Que a escrita me sirva como arma contra o silêncio em vida, pois terei a morte inteira para silenciar um dia” (Jefhcardoso)
Cristina Almeida disse…
Olá Jefh,obrigada pela visita e pelo comentário, com certeza irei retribuir a visita em teu espaço, ok?
Uma ótima sexta pra vc tbm.

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